Vou dormir agora... seis e meia da manhã! Por um bom motivo, claro. Nada de balada. Nada de insônia. Fiquei batendo papo com uma pessoa que foi e continua sendo muito importante na minha vida. Minha primeira chefinha. Trabalhei no Jornal da Band, TV Bandeirantes, durante dois anos. Produzíamos documentários para o jornal, os quais eram exibidos em cinco capítulos (de segunda a sexta).
Éramos somente duas produtoras. Eu, na verdade, estagiária. Mas na Band, principalmente pela ótima conduta profissional de alguns chefes, o estagiário não era visto como escravisário. Eles apostavam na gente. Acreditavam. Até pagavam pra ver. E assim a coisa acontecia. Acontecia com o mérito de todos. E eu me sentia parte do todo. Porque eles me viam assim. Uma peça fundamental.
Foi com eles que fui enviada para a Argentina em 2000.
Foi com eles que fiz diversas câmeras-escondidas, sendo que uma delas levou um picareta pra prisão.
Foi com eles que descobri o que é ter um chefe experiente que serve de modelo (tiro o chapéu até hoje para o Valdir Zwetch).
Foi com eles que descobri que local de trabalho pode, sim, ser lugar de prazer.
Foi com eles que aprendi que amizade entre chefe e funcionário pode ser uma ótima combinação. Foi com eles que aprendi que não é preciso ser autoritário para ser respeitado.
Foi com eles que recebi a notícia de que minha tia tinha falecido. Foi lá, com eles, que tive os primeiros minutos de apoio após o impacto. Eu, no dia do enterro, depois de passar a noite no velório, fui até lá para fechar um roteiro imenso de um documentário na Bahia antes de ver minha tia pela última vez. E foram eles que me mandaram ir pra casa, sem nenhuma pergunta de quando eu voltaria a trabalhar*.
Mas foi com a Van, com a Vanessa Francisco, que muitas coisas sobre a minha existência tomaram forma. Confesso que sofri muito nesta época - não por motivos profissionais. Fiz das dores dela a minha dor e, junto com a Van, sei que cresci horrores.
É por isso que hoje estou aqui. Às seis da manhã com a janela do msn ainda aberta e com o coração transbordando.
* Mas nem todo emprego é assim. Em outro, sei que lançaram a seguinte frase quando minha vó faleceu: "Será que ela vem trabalhar amanhã? Hummm, acho que sim. Pelo o que eu conheço dela, ela virá". Esses mal me conheciam. E, claro, eu não fui trabalhar.
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