terça-feira, fevereiro 22, 2005

Ginga, suor e tamborim

PASSISTAS NUM CENÁRIO BEM CARIOCA, os Arcos da Lapa: quadro de Heitor dos Prazeres, o sambista-pintor. Retirado da Tribuna do Norte É engraçado como nosso corpo e mente reagem a coisas brasileiras quando estamos fora de casa. Li no site da Tica que, entre chocolates Godiva, Ferrero e Lindt, ela lambeu os beiços mesmo foi com o bom e velho Ouro Branco.

Em Toronto, existe uma lojinha no Kensington Market onde só se vende chocolate e grãos de café. De todos os lugares do mundo. Mas é batata: basta um brasileiro entrar lá para ter seus olhos cheios de lágrimas ao ver um pote cheio de Sonho de Valsa. Ô nostalgia.

Isso aconteceu comigo no último domingo. Não, nada a ver com doces. Não sou muito chegada em açúcar. O que me nocauteou, sugou e embebedou foi uma noite de samba e maracatu. Última coisa que eu esperava numa noite de tempestade de neve em Toronto. Porque aqui, infelizmente, só desembarcam uns pagodeiros frustrados que insistem em transformar Ben Jor em ritmo de samba (se é que podemos chamar pagode de samba) de quinta categoria.

Fui para o bar The 360 certa de que, entre as apresentações dos grupos Maracatu Nunca Antes e Batucada Carioca, tocaria somente hip-hop e afins. Nada disso! Só sambinhas, sambinhas dos bons. Pra se ter um idéia, eu e o Abreu tivemos a mesma sensação: a de que estávamos numa balada na Lapa, Rio de Janeiro!

Pra lavar ainda mais a alma, fechamos a noite batendo papo com um canadense, o Matt, que morou dois anos e meio no Rio. Ele viveu entre os barracões das escolas de samba e sabe mais gírias do que esta que vos fala. Além de todas as histórias que davam gosto de ser ouvidas (orla de Ipanema, tomar suco de laranja durante três semanas porque não sabia falar nada em português...), também ouvimos coisas duras sobre a nossa realidade. Ele, com toda aquela cara de gringo, ficava fazendo cara feia no ônibus para tentar afastar os possíveis batedores de carteira. Além disso, quase foi estuprado TRÊS vezes. Por policiais.

Segundo o próprio Matt, que aprendeu a lição rapidinho, o Brasil pode ser um país ótimo pra se morar. Mas só quando se tem bufunfa no bolso.

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