Ficamos assim: duas semanas de folga e, depois, retomamos o trabalho. O velhinho quer que continue a mesma equipe. Ontem fiquei o dia inteiro cuidando de mim, ouvindo música, navegando, lendo. Pensei em usar o tempo pra fechar logo a meleca do jornal, mas Sex and the City tava muito mais interessante...
Falando nisso, lembrei de uma cena estranha que aconteceu há duas semanas. O editor do jornal no qual eu escrevo é um brasileiro casado com uma canadense. Eu estava revisando o texto na casa dele há alguns dias e ouvi a musiquinha da série.
"Ai, é Sex and the City? Vixe, vou pra casa logo"
"Vai, Dani. Hummmm... Você acredita que a Kerry, minha mulher, sempre desliga a TV ou muda o canal quando eu chego perto? Hehehe"
Até aí, achei que era porque ela não queria que ele visse a Carrie de calcinha ou a Samantha de... nada. Sei lá! Quando desci a escada e ela me viu (o cara nem estava junto), ela logo mudou o canal como se fosse uma vergonha estar assistindo àquilo.
Será que estou viajando ou muitas mulheres têm vergonha de assumir que gostam do seriado? De assumir que nós, mulheres, falamos sim de homem quase que o tempo inteiro, que contamos nossas intimidades, que sofremos por não termos achado um príncipe encantado, que invejamos a barriga de tanquinho da fulana, que não queremos casar, mas no fundo queremos "casar"... Blá, blá, blá. Ah, e podemos fazer tudo isso aí acima e ainda sermos independentes, inteligentes e bem-sucedidas, não? Pelo amor de Deus! Por que ter vergonha de assumir que somos assim? Eu assisto, gosto e ponto.
Ps: Ouvi isso de uma amiga há duas semanas: "Você gosta de Sex and The City? É a coisa mais estúpida que eu já vi".
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