Meu pai acabou de chegar em casa. Tô com lágrimas nos olhos. Maior orgulho desse homem. Mais uma vez ele realizou um sonho. Com muito trabalho. Anos acordando às 8h e trabalhando quase doze horas por dia. Fiquei tão, mas tão emocionada que, quando os olhos dele se encheram de lágrimas, disse que não ia agüentar vê-lo chorando e corri pro quarto. Estou aqui, escrevendo pra vocês.
Minha vó veio para São Paulo há 51 anos. Sozinha, com dois filhos embaixo do braço. Meu pai, na época com dois anos, e minha tia Núbia, com um, vieram de Pernambuco ao encontro do pai, que tentava ganhar a vida na cidade desvairada. Passaram por muitas dificuldades. Minha vó diz que, quando ela se lamentava por não ter nada pra comer a não ser arroz e farinha, meu pai era o primeiro a confortá-la: "Está ótimo, mãe."
E foi assim que ele começou a trabalhar muito cedo. Catava cocô de cavalo nas ruas de Osasco para vender pra fábricas de estrume. E isso nem minha vó sabia. Eu quem contei pra ela algumas semanas atrás.
Ela me contou também que ele, pequetitico, empurrava carrinhos super pesados na feira. Numa das vezes, de tão pesado que o carrinho estava, a quina bateu em seu queixo e ele mordeu a língua. Devia ter, no máximo, uns 11 anos. Ah, e ajudava meu avô a vender balões também na feira. Aliás, essa é a imagem que eu tenho do meu vô paterno, que faleceu quando eu ainda nem tinha cinco anos. Alto, esguio, enrugado, ao lado daquele tubo metálico, empunhando vários balões.
Outra coisa que me emociona é o modo como meu pai nasceu. Vários bebês, que nasceram junto com ele, morreram. Todos com pneumonia. Meu pai também ficou muito mal e minha vó até hoje se lembra de toda a família reunida já pensando em encomendar o caixãozinho pra ele. Ela chorava como uma louca, seu primeiro filho ali, já quase sem respirar, meio roxinho, tão frágil, tão frágil. Mas ela não desistiu. E, depois de alguns dias, ele começou a melhorar. E hoje está aqui, ali na mesa da cozinha, me chamando pra jantar. Um bebê que tinha sido desenganado.
Tudo o que eu tenho, que eu sou e que aspiro vêm desta figurinha. Dela e da minha mãe. E deixa eu enxugar as lágrimas porque, se eu descer com esses olhos inchados, eles já vão achar que os leucócitos atacaram de novo.
Minha vó veio para São Paulo há 51 anos. Sozinha, com dois filhos embaixo do braço. Meu pai, na época com dois anos, e minha tia Núbia, com um, vieram de Pernambuco ao encontro do pai, que tentava ganhar a vida na cidade desvairada. Passaram por muitas dificuldades. Minha vó diz que, quando ela se lamentava por não ter nada pra comer a não ser arroz e farinha, meu pai era o primeiro a confortá-la: "Está ótimo, mãe."
E foi assim que ele começou a trabalhar muito cedo. Catava cocô de cavalo nas ruas de Osasco para vender pra fábricas de estrume. E isso nem minha vó sabia. Eu quem contei pra ela algumas semanas atrás.
Ela me contou também que ele, pequetitico, empurrava carrinhos super pesados na feira. Numa das vezes, de tão pesado que o carrinho estava, a quina bateu em seu queixo e ele mordeu a língua. Devia ter, no máximo, uns 11 anos. Ah, e ajudava meu avô a vender balões também na feira. Aliás, essa é a imagem que eu tenho do meu vô paterno, que faleceu quando eu ainda nem tinha cinco anos. Alto, esguio, enrugado, ao lado daquele tubo metálico, empunhando vários balões.
Outra coisa que me emociona é o modo como meu pai nasceu. Vários bebês, que nasceram junto com ele, morreram. Todos com pneumonia. Meu pai também ficou muito mal e minha vó até hoje se lembra de toda a família reunida já pensando em encomendar o caixãozinho pra ele. Ela chorava como uma louca, seu primeiro filho ali, já quase sem respirar, meio roxinho, tão frágil, tão frágil. Mas ela não desistiu. E, depois de alguns dias, ele começou a melhorar. E hoje está aqui, ali na mesa da cozinha, me chamando pra jantar. Um bebê que tinha sido desenganado.
Tudo o que eu tenho, que eu sou e que aspiro vêm desta figurinha. Dela e da minha mãe. E deixa eu enxugar as lágrimas porque, se eu descer com esses olhos inchados, eles já vão achar que os leucócitos atacaram de novo.
Como diria a Marta, os anos não passam à toa, né, bb?
ResponderExcluirNoya
ResponderExcluirFiquei emocionada com seu post tambem. A historia dos meus pais e parecida, ralaram pra caramba, sairam da Bolivia e me enchem de orgulho. Entendo totalmente o que voce sente.
Beijos
E é isso que nos impulsiona muitas vezes, né, Má? A gente tem TUDO. TUDO mesmo. E devíamos pensar muitas vezes antes de sair reclamando da vida por aí. :)
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