Natalina era...

... o nome da minha esteticista. Na verdade, esteticista eh uma palavra chique demais. A "cabeleleira da rua" (com "l" mesmo), como diziam alguns. Uma portinha minuscula (coisa de bairro sabe?), uma cadeira de couro preta e uma dezena de produtos na prateleira.

O salao era um quarto improvisado na casa de quatro comodos. Quando o telefone tocava, agil como uma cabrita, Natalina pulava a janela do salao, que dava diretamente para seu quarto. Pratico naum? Mas o melhor era ver o telefone preso entre a orelha e o ombro, deixando Natalina com as duas maos livres para apertar minhas espinhas.

Usei seus servicos como faxineira de pele uma vez. E soh. Era um aperta aqui e acola sem fim. Voltei para cortar o cabelo, fazer a unha e depilacao varias vezes depois. Sim, ela era mil e uma utilidades.

Depois que Natalina se mudou, o clima de bairro, o bom papo e a displicencia partiram junto.