Durante 120 dias, fui toda semana trabalhar em Brasília. O dia de trabalho durava 18 horas. Das seis da manhã até meia-noite. O ritual estava estabelecido. O avião era a minha cama.
Até o dia em que peguei a minha primeira turbulência de verdade. Não tenho medo de chacoalhões. Mas ali era praticamente um aviãozinho de papel sendo jogado de um lado para o outro. E surtei. Por dentro. Peguei o caderno e comecei a escrever. É o que chamam de terapia de choque, mas de um modo literal. Nunca fui dada a escrever poesias, poemas ou coisa que o valha. Sempre me acho brega, sem nexo e sem contexto.
Rabisquei algumas folhas. Com sinceridade e medo de não chegar em casa. Medo de não poder olhar pra ele de novo. Lembro inclusive da minha cara ao encontrá-lo no aeroporto me esperando com um presente. Apaguei.
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