Estou no ônibus 63. Sento, e me protejo com os óculos escuros. Toda vez que os uso, sinto como se me distanciasse do que está à frente das lentes negras.
Ao meu lado, palavras desconexas. Mãos trêmulas. Seus dedos, agarrados à alca da bolsa de couro vinho, têm movimentos compassados e tensos. Um ritmo próprio.
"Em que mundo ela vive? Quem é seu ouvinte nesta dimensão imaginária?" Talvez seu mantra estivesse sendo dirigido a mim.
Desco no ponto, ainda com os óculos escuros. Da calcada, viro o rosto e a vejo ali, sozinha. Distante e tomada pela sua doenca. Desta vez, os óculos não conseguiram me isolar da realidade.
Imaginei a cena...Amei o texto!
ResponderExcluirBeijos,
Dan